Por meras questões de logística eco-administrativa eu durmo na casa da minha avó. Sempre que chego de madrugada a casa, ela nota que eu acendi a luz do corredor e dá sempre a mesma tacada:
- Bom dia vitinha...
- Boa noite vó...
- Vens tão cedo hoje...
- É pra ver! Trabalho muito! Vou dormir, até amanha!
- ATÉ JÁ!

Mas a minha avó sempre me tratou com toda esta estima. Já quando era catraio pequeno jogava à bola no terreiro com os meus amigos e fazíamos o favor, que a gente até nem queria, de partir os jarros e restantes flores do jardim. Eu chamava-lhe "fazer a poda ao jarros", mas havia quem não achasse graça. Aproveitávamos também já que estávamos ali para testar a durabilidade e taxa de carunchice das portas.

A minha avó zangava-se, e dizia que qualquer dia vinha dar uns toques e nos mostrava os seus dotes de defesa central. E devia ser boa jogadora, às vezes que disse "EU CORTO-VOS A BOLA!!!".

Outra coisa que também nunca compreendi foi a sua aversão aos trolhas e demais ferramenta utilizada por eles. Não gostava que nada estive a atrancar. E a minha avó tinha ilusões com isso, porque mesmo quando não havia obras lá em casa ela berrava-nos do alto da sua varanda enquanto jogavamos à bola "andaime daqui para fora!".

É um espectáculo!
(e com 92 anos ainda faz a poda. Porque sempre que digo que pus a fotografia dela na internet ela vai aos arames)