A única vez que precisei de ir às urgências de um hospital (público, porque sou pobre) foi no sábado anterior à final do Euro2004. A jogar futebol, no pavilhão dos Bombeiros Voluntários de Vizela, numa jogada mais viril parti o nariz. Sorte a minha estar no edifício dos bombeiros! Maior sorte a minha o Centro de Saúde ser mesmo em frente, do outro lado da rua.
Ao pedir um papel necessário para dar entrada nas urgências do Hospital de Guimarães nas urgências do centro de saúde, perguntei ao médico de serviço o que é que ele achava. Ele respondeu-me calmamente: Achei um pente há bocado mas já o entreguei na recepção. E soltou uma gargalhada. Aí eu perguntei-lhe: Ai você ri-se?! Claro! A mim não me dói nada!
Dirigi-me para o Hospital numa ambulância com a confiança que o médico me deu. Ao chegar ás urgências esperei 5 minutos para ser atendido. Mandaram-me tirar umas radiografias ao nariz. Mas… e primeiro que eu soubesse como abrir o raio da porta do corredor? Sim… é que para abrir a porta tem-se de carregar num interruptor que está… a 5metros da porta, mas que não tem aviso de para que serve!
Depois de passar para outra sala dirigi-me à enfermeira responsável pelas radiografias que me perguntou o que queria. O meu nariz estava com o dobro do tamanho e mais pisado que as uvas em dia de vindima. E ela perguntou-me o que eu queria?! Eu respondi o que parecia mais óbvio: Duas sandes de presunto e uma cola. Ao que ela me respondeu de volta: Você só pode estar a gozar comigo!... Não vê que não temos presunto?! Nem sequer tinha reparado na folha que estava colada na parede com letras vermelhas: “Não há presunto”. E depois acordei.
Voltando à história verdadeira, a senhora perguntou-me o que eu queria. Eu tinha o nariz preto e com o dobro do tamanho e ela pergunta-me o que é que eu queria?! Não a censurei. Ela não me conhecia de lado nenhum. Eu podia perfeitamente ser assim no dia-a-dia.
Lá tirei duas radiografias e voltei à sala dos médicos. Eles retiraram as radiografias do envelope, olharam para elas e disseram-me com toda a naturalidade: Vai lá tirar outras, que aqui não aparece o teu nariz.
Bem… pensei que tivesse acabado o tinteiro à senhora das radiografias… às vezes acontece…
Voltei à sala das radiografias, mas desta vez tive de esperar pela minha vez. Entretanto ainda fui abordado por um polícia que me perguntou se eu não era um tal de César Pedroso que tinha partido uma perna ao fugir da bófia.
Eu estava de calções. Em pé. Com um inchaço no nariz. Mas o senhor guarda não podia saber se eu estava com a perna partida ou não olhando para ela? Claro que não! Ele é GNR, não é médico, por amor de Deus!
Voltei com as radiografias à sala dos médicos. Onde esperei duas horas para que fossem lanchar.
Voltaram à sala por volta das seis da tarde, e deram um raspanete a uma senhora:
Médico: - Então você foi tomar estes medicamentos lhe passarem uma receita médica?
Senhora: - Não! Eu tomei os medicamentos mas o meu marido tinha a receita! Está aqui, quer ver?
Depois vieram atender-me, olharam três quartos de segundo para as radiografias e disseram: Está partido… mas está no sítio, põe gelo e chega Herudoid (é um genérico. Mas é Hirudoid que se escreve, lapso meu). E, abrindo o frigorífico, tiraram um pacote de iogurte, tiraram o gelo que tinha dentro, meteram-no numa luva e mandaram-me para casa.
Ao passar no shopping para ir para o carro era verem a minha figurinha, nariz inchado a segurar uma luva com gelo que teimava em erguer um dos dedos para os transeuntes.
Haja saúde!
sábado, junho 10, 2006
Postado por 1/2Kg de Broa às 01:43
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4 comentários:
O que é verdade nesta história:
- Parti o nariz
- A reação do médico no centro de saúde
- Os interruptores das portas
- A abordagem do polícia
- O meu nariz não ter aparecido nas primeiras DUAS radiografias
- A luva de borracha e os sinais manhosos que ela fazia
- As 2 horas de espera e o diagnóstico
mesmo não sendo verdade a totalidade do relato, acreditei em tudo, porque acho possível e infelizmente é a realidade do nosso Tuga.
as radiografias do hospital são uma anedota, os médicos ganham à hora e fazem-na render, o arquitecto que fez a planta devia ter entrado numa universidade particular e com negativas mas devia ser familiar de algum governante, etc, etc,....
Isto é que é um bom texto quando nos divertimos com a desgraça alheia. Mas,não sou uma Alien sádica, o texto está muito bem escrito. Desculpa, mas a parte do botão para abrir a porta e de pedires ajuda à enfermeira está demais. O que te apeteceu dizer, devias ter dito em voz alta," a Coca-Cola bem fresquinha".
Para rematar, adorei o final. Estou mesmo a ver a figura que fizeste, ou a cara de parva da senhora do carro do lado a perguntar ao marido:
-Querido, aquele rapaz está a fazer gestos obscenos na minha direcção! hehe
Grande texto,grande nariz que o proporcionou!
não podia estar mais de acordo alma encarnada.
eu não gostei particularmente de passar no shopping cheio de gente naquela figura, mas o pior é k não dava mesmo para passar despercebido...
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